Jogador preso em flagrante por injúria racial em partida da Série B do Brasileirão vai responder ao processo em liberdade
06/05/2025
(Foto: Reprodução) Miguel Ángel Terceros Acuña, conhecido como Miguelito, deixou a cadeia na noite desta segunda-feira (5). Pela primeira vez, um juiz acionou o protocolo antirracismo em partidas das séries A e B do Brasileirão. Polícia do Paraná prende em flagrante meio-campo do América-MG por injúria racial
A polícia do Paraná prendeu em flagrante um jogador por injúria racial durante um jogo da Série B do Brasileirão.
Miguel Ángel Terceros Acuña, de 21 anos, conhecido como Miguelito, deixou a cadeia pública de Ponta Grossa na noite desta segunda-feira (5). A Justiça do Paraná aceitou o pedido da defesa do acusado e concedeu liberdade provisória ao jogador boliviano.
Na noite de domingo (4), após a partida entre Operário e América Mineiro pela Série B do Brasileiro, Miguelito foi preso em flagrante acusado de injúria racial. Ele é o jogador em destaque. Aos 30 minutos do primeiro tempo, passou por Allano, virou o rosto e pareceu falar alguma coisa. Logo depois, o atacante do Operário correu em direção a Miguelito. Jacy o acompanhou, e os dois discutiram com o boliviano.
Allano e Jacy avisaram o árbitro, que afirmou não ter visto a agressão, mas que acionaria o protocolo antirracismo. Alisson Sidnei Furtado cruzou os braços com os punhos fechados em frente ao rosto, como manda o protocolo. É a primeira vez que um juiz aciona o protocolo em partidas das séries A e B do Brasileirão.
O jogo ficou paralisado por 15 minutos, e depois foi retomado sem cartões ou punições. O Operário venceu o América Mineiro por 1 a 0. Na súmula da partida, a arbitragem escreveu:
“Allano veio até minha direção alegando ter sido chamado de preto - e um palavrão - pelo atleta Miguel Ángel Terceros Acuña”.
Polícia do Paraná prende em flagrante meio-campo do América-MG por injúria racial
Reprodução/TV Globo
A Polícia Civil do Paraná conduziu Miguelito, Allano e Jacy - como testemunha - até a delegacia. O jogador do América Mineiro negou em depoimento as acusações, disse que usou outra expressão.
“Nenhum momento eu cheguei e falei com ele diretamente. Aí foi quando ele chegou em mim e começou a falar: ‘Você me chamou de preto, me chamou de preto?’. E eu olhando para ele com cara de que não estava entendendo o que ele estava falando”, diz Miguel Ángel Terceros Acuña.
Depois de ouvir os envolvidos, o delegado comunicou a prisão em flagrante:
“Nesse momento, pelo que me foi apresentado até agora, pelos dois jogadores falarem a mesma situação, eu estou dando voz de prisão em flagrante para o senhor, então, por esse crime, esse crime de injúria racial”, disse o delegado.
A Confederação Brasileira de Futebol disse que ações firmes continuarão sendo tomadas para erradicar o racismo no futebol e que não há espaço para o preconceito nos campos ou na sociedade.
O atacante Allano, do Operário, escreveu que ser ofendido pela cor da pele é algo doloroso, revoltante e, acima de tudo, inaceitável. Disse também que a luta contra o racismo é de todos, e ela não vai parar enquanto houver injustiça.
O Operário postou que repudia com veemência qualquer ato de racismo e que o clube está prestando todo o suporte necessário ao atleta Allano.
O América Mineiro escreveu que confia na palavra de seu atleta e está oferecendo todo o suporte para auxiliá-lo neste caso e reafirmou seu compromisso inabalável no combate ao racismo.
A defesa de Miguelito não respondeu aos contatos do Jornal Nacional.
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